IAR 80-A

Caças IAR-80 em formação sobre a Romênia

A série de caças IAR-80 (Indústria Aeronáutica Romena) foi a única projetada para uso pela Força Aérea Romena durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, esses caças eram desconhecidos pelos pilotos americanos dos P-38 do 1º e do 82º Grupos de Caças que atacaram as refinarias de Ploesti em 10 de junho de 1944, quando faziam missão de escolta para as B-24, e foram atacados pelos IAR-80/81 do Grupul 6.

Durante o ataque, que custou aos americanos nada menos que 22 caças P-38 e 45 bombardeiros B-24, os americanos pensavam que os IAR eram caças FW-190 com as cores romenas. Este fato, aliado à contagem de números equivalentes de caças que retornaram avariados, foi de difícil aceitação pelos americanos, ainda mais quando souberam que os atacantes não eram caças alemães FW-190, e sim os romenos IAR-80/81, um modelo que já estava se tornando obsoleto. Este dia entrou para a história deste até então desconhecido caça.

O protótipo do IAR-80

Em 1938, os líderes da Aeronáutica Regala Romena previram corretamente o início da guerra em um futuro próximo, e iniciaram os trabalhos visando o aumento da força de combate de sua força aérea. Na ocasião, os romenos tinham a opção de adquirir modernas aeronaves da Inglaterra e da Alemanha. Anteriormente, haviam adquirido dos poloneses caças PZL-P11, e o PZL-P24 era o tipo mais moderno até então em serviço. Durante as negociações, tanto a Inglaterra quanto a Alemanha não conseguiram fixar o prazo de entrega dentro do que os romenos precisavam, e a I.A.R.-Brasov, fábrica de aeronaves pertencente ao governo, recebeu a solicitação para o desenvolvimento de um caça. A Indústria Aeronáutica Romena já havia desenvolvido várias aeronaves para uso doméstico, mas projetar, construir e desenvolver um caça, era algo com o que ela deveria se adaptar. Sua experiência era em aeronaves domésticas, de pequeno porte, para vôos de instrução, transporte leve e recreação. Para reduzir o risco tecnológico, a IAR estudou profundamente a fuselagem do caça polonês PZL-P24, então em uso na Força Aérea Romena. Adotou o mesmo sistema da fuselagem, com a cabine de pilotagem localizada mais à ré e a mesma estrutura da cauda, que recebeu reforços adicionais, pois a IAR já previa um aumento considerável de peso no novo caça. O projeto incorporou uma asa totalmente nova, baixa, inteiramente metálica, e uma cabine fechada, com o canopy deslizando para trás. Foi equipado com trem de pouso retrátil, e era impulsionado pelo motor Gnome-Rhône 14N-07 de 970 hp´s, fabricado sob licença pelos romenos.

IAR-80 preparando-se para a decolagem. Note a bomba sob a fuselagem

O protótipo do IAR-80 efetuou o primeiro vôo em 20 de abril de 1939 e superou todas as expectativas; sendo 100 unidades requisitadas em dezembro do mesmo ano, após a conclusão de um bem sucedido programa de testes. As 20 primeiras unidades, entretanto, só foram entregues em dezembro de 1940, devido à falta de materiais na fábrica, indisponibilidade de armamentos e a uma incrível seqüência de falhas estruturais e problemas de refrigeração no motor. Este avião equipou a Escadriles 59 e o Vonatore 60 do Grupul Vonatore 8 (8º Grupo de Caça).

O IAR-80 original era equipado com quatro metralhadoras de 7,62 mm. O 80-B foi fornecido com o acréscimo de 2 armas instaladas nas asas externas. Os IAR-80 do Grupul 8 participaram da invasão do sudeste da União Soviética em junho de 1941, no papel de caça de escolta. Suas missões preliminares consistiam na escolta de bombardeiros e em missões de reconhecimento. Após os primeiros dias da invasão, praticamente não haviam atividades aéreas por parte dos russos. Em 12 de julho o Subtenente Aviador Vasile Claru, do Grupul 8, foi interceptado por uma formação de seis caças I-16 russos, sendo abatido e morto após ficar sem munição.

O IAR-81 começou sua vida como um desenvolvimento natural do IAR-80, recebendo o papel de caça-bombardeiro. Essa nova versão também foi entregue ao Grupul 8, e fez seu debut em combate no dia em 16 de outubro de 1941, em missões de escolta dos bombardeiros de mergulho alemães Stuka, em Odessa. Já em 1942, todas as unidades que ainda utilizavam o PZL-P24 foram convertidas ao IAR-80, que era o único avião disponível em quantidades suficientes. Mais de 100 caças IAR-80/81 foram enviados à Campanha de Stalingrado naquele ano. O contra-ataque russo foi dirigido principalmente contra as forças romenas que protegiam a retaguarda do exército alemão, e sua força aérea enfrentou duros combates contra os russos, em seu recuo no final de 1943. Durante essa campanha, que começou em novembro de 1942, mais de 120 caças IAR foram perdidos.

Caças IAR-80 alinhados durante a invasão da União Soviética

Já na metade de 1943, o IAR se mostrava obsoleto frente aos novos caças russos, como o LAGG-3. Os esquadrões romenos que permaneceram na União Soviética foram reequipados com os Bf-109G alemães, e o restante dos IAR que ainda estavam em serviço foram enviados de volta à Romênia para sua defesa interna. Foram enviados junto com o Grupul 6, que se transformara no único operador dos IAR. Em agosto de 1943 os romenos enfrentaram a operação "Tidal Wave" americana, que era o ataque aliado às refinarias de petróleo de Ploesti. Dos 130 bombardeiros B-24 que realmente alcançaram as refinarias, 36 foram abatidas pelos caças de defesa aérea, e 9 pelas baterias anti-aéreas presentes na região. Embora a operação "Tidal Wave" fosse proclamada como um sucesso pelos americanos, na realidade ela chegou muito perto de ser um fracasso, devido à alta perda de aeronaves B-24 e P-38, e aos danos provocados nas refinarias, pois menos de 30 dias depois do ataque elas estavam operando normalmente.

Rearmando um IAR-80 na União Soviética

Em 4 de abril de 1944 se iniciou uma série de ataques americanos contra as refinarias de Ploesti, e finalmente em setembro deste ano elas foram duramente atingidas. O IAR esteve constantemente em combate durante essas invasões, como pode ser demonstrado pela reivindicação de 40 bombardeiros B-24 e B-17 pelos caças do Grupul 6. Conforme registrado na história, o dia 10 de junho de 1944 foi o ponto alto da carreira dos IAR-80, quando o Grupul 6 surpreendeu os caças P-38 do 1º e 82º Grupos de Caça que se aproximavam das refinarias em vôo rasante. 23 P-38 americanos foram abatidos, contra apenas 3 caças IAR, sendo essa a mais elevada contagem de perdas dos caças P-38 em uma única missão, durante todo o decorrer da guerra.

Painel do IAR-80

Em 23 de junho os americanos se vingaram, abatendo o Capitão Comandante do Grupul 1, Íon Sandu e outros dois IAR, matando os três pilotos, contra a perda de nenhum P-38. Em 3 de julho, a Secretaria do Ar da Romênia relatou a redução, desde 4 de abril, na disponibilidade dos caças romenos, de 115 para apenas 50, tendo perdido em ação 33 de seus pilotos. Citados como inferiores para os confrontos contra o P-51 Mustang, as unidades operacionais do IAR-80 foram retiradas da defesa de Bucareste em 5 de julho de 1944 e enviadas à Moldávia para combater a invasão dos soviéticos. No final de julho, o Grupul 6 iniciou sua conversão para o Messerschmitt Bf-109G. Durante a ofensiva soviética contra a Romênia, que iniciou-se em 20 de agosto de 1944, cinco IAR-80/81 foram perdidos em ação no dia 24 de agosto de 1944, quando faziam uma missão de patrulha fora da área central da Moldávia.

Caças IAR-81C na Romênia

57 caças IAR-80 participaram da campanha contra os alemães, que iniciou-se em 6 de setembro de 1944, após a capitulação da Romênia frente às forças russas. Estes eram os caças IAR restantes, e participaram da Aliança Russo-Romena no combate às forças alemãs restantes a nordeste da Romênia. Três Bf-109 alemães foram abatidos pelos pilotos dos IAR, embora ele fosse considerado inadequado para o combate contra os Messerschmitt Bf-109G-6, quando 9 deles foram perdidos contra os alemães no decorrer da campanha.

Em fevereiro de 1945 os IAR-80 restantes operavam agora junto ao Grupul 9, combatendo da região da Eslováquia. No final da guerra, em maio de 1945, esses mesmos caças lutavam na captura de Praga. O IAR-80 continuou como caça de primeira linha dos Romenos até 1947, quando eles e os Bf-109 restantes foram substituídos pelo Lavochkin La-9. O último IAR-80 restante foi desativado em 1956, e atualmente existem apenas réplicas deste caça em museus da Romênia, não restando nenhum original.

Réplica do IAR-80 no Museu de Aeronáutica da Romênia

Ficha Técnica IAR-80A

* Dimensões:

Envergadura: 10,00 metros

Comprimento: 8,16 metros

Altura: 3,60 metros 

Peso: 1.780 kg (vazio); 2.485 (máximo)

* Propulsão: 01 motor IAR 14K, radial de 14 cilindros em duas linhas, radial, de 940 hp´s.

* Desempenho:

Velocidade máxima: 510 km/h

Teto de Serviço: 10.500 metros o Raio de ação: 950 km.

* Armamento:

02 canhões de 20 mm na fuselagem 

04 metralhadoras de 7,7 mm nas asas.

O kit LTD (cód. 99084)

Este kit, elaborado na Europa Oriental, apresenta-se em uma caixa simples, de abertura lateral, padrão das fábricas Orientais.

As árvores e o plástico do kit são grossos, e as rebarbas estão presentes em todas as peças. As peças são bem impressas, dando um visual agradável. Como todo bom short run que se preze, exige um bom trabalho, técnica, habilidade e paciência na sua construção. O canopy é em vac-form, e a LTD gentilmente fornece duas peças. Eu, sinceramente, vejo essa gentileza com muito bom grado.

Os decais são muito bons, feitos pela Microscale, e trazem opções para três aeronaves, sendo duas quando a Romênia era aliada da Alemanha, e uma das versões já a representa aliada dos soviéticos. As versões oferecidas são do Lecotenent Aviator Ion Galea, do Grupul 9 Escadrila 47; Lecotenent Aviator Ioan Micu, do Grupul 8; e do Adjutant Aviator Pomut, do Grupul 5, Escadrila 53.

Atualmente este kit está fora de produção, tornando-se difícil de ser encontrado. Além deste, a LTD também lançou no mercado o Lagg-3, Yak-9, CA-13 Boomerang e o PZL-P11, todos eles já entrando na categoria dos raros.

A folha de instruções foi uma boa surpresa, traz desenhos bem claros, indicando onde as peças devem ser encaixadas e qual a cor de cada área da aeronave, com seu correspondente código FS. Traz, também, desenhos do esquema de camuflagem a ser aplicada. O detalhe, muito bom por sinal, é que esses desenhos, em duas posições, já vêm na escala do kit, o que facilita sobremaneira a pintura.

A Montagem

A construção do kit, como na maioria deles, começa pela cabine do piloto. Embora básica, todos os componentes principais são fornecidos. Logo no início da montagem, lê-se, em grandes e negritadas letras, a mensagem "Usar lixa para melhor acabamento". Acredite piamente nisso, e pode trabalhar à vontade lixando as peças eliminando as rebarbas, que existem em abundância. Quando destacar as peças do sprue, tome um certo cuidado, pois os mesmos são muito grossos e podem facilmente danificar a peça. Na montagem da cabine, inseri apenas cintos de segurança, em scratch de folha de alumínio. Os cintos são presos na parte traseira do banco, e para passá-los para o assento, é necessário fazer a abertura (fendas) no encosto, abaixo da proteção para a cabeça do piloto.

Para os mais detalhistas, aqui cabe um comentário. O banco fornecido pelo kit tem o visual apropriado, mas traz a proteção para a cabeça do piloto como parte integrante dele. Na aeronave real, esse encosto fica preso na fuselagem, e não no banco. Assim, para os mais puristas, é necessária a remoção dessa peça do banco e posterior colagem na fuselagem, sendo colocado no mesmo alinhamento do banco, porém separado do mesmo. 

Outro detalhe que merece toda a atenção, refere-se à antena do rádio. Ela é fixada, de forma bastante interessante, sobre uma base na qual também o painel é fixado. O piloto teria, então, uma visão bem curiosa à sua frente. Primeiro ele veria o painel, e depois do painel o mastro da antena, logo à direita e levemente inclinada, também para a direita, atrás do painel e dentro da cabine, e se projetando para o lado externo através do pára-brisa (isso mesmo, ela atravessa o pára-brisa do caça!). Não detalhei o painel porque ele fica embutido no interior da fuselagem, fiz apenas as pinturas normais dos instrumentos, com pincel seco. O painel é em preto, e os instrumentos também pretos, com os mostradores brancos.

Após a conclusão da cabine, efetuei a colagem das metades da fuselagem. Os encaixes são bons, mas o acabamento é pobre, o que requereu uma boa aplicação de putty e o mesmo trabalho com lixa, para um correto alinhamento das partes. Como o plástico do kit é espesso, pode-se lixar sem maiores preocupações, mas cuidado com o detalhamento das laterais da fuselagem, pois os painéis são bem gravados. Na mesma seqüência, efetuei a colagem das asas na fuselagem.

Bom, aqui o trabalho foi mais complicado. As asas são divididas em três partes, e as metades superiores encaixaram-se sem problemas na metade inferior, mesmo considerando-se a colocação do poço do trem de aterrissagem. Aqui cabe uma pequena observação. A versão escolhida foi a nº 3, do Adjutant Aviator Pomut. Para essa versão, é necessário o acréscimo de mais duas armas, pois a versão 80A era armada com 04 metralhadoras de 7,7mm nas asas, ao invés de duas, como na versão 80. Essas armas extras não são fornecidas no kit, mas nada que uma boa busca na caixa de sucatas não resolva. Agora, quando colei a asa na fuselagem, a coisa mudou de figura. Entre a asa e a fuselagem ficou um vão respeitável, em parte devido às características do kit, e em parte a uma particularidade que citarei mais à frente. Para fechar esse vão, precisei recorrer a um pedaço de plástico PVC para fazer o enchimento, e depois já colei também o conjunto traseiro. Atenção aqui, não existe encaixe, apenas a marcação do local correto, que também merece a atenção da lixa para as peças não ficarem desalinhadas após a colagem.

Depois de um bom trabalho de lixa para alinhar o PVC à superfície da asa, apliquei putty e o respectivo acabamento com lixa d´água. Após terminado o trabalho de acabamento, apliquei o primer (Mr. Surfacer 1000), deixando todo o conjunto pronto para a pintura. A montagem do motor é muito simples, apesar de também receber a atenção da lixa e um posterior trabalho com lâmina, para recuperação de algumas aletas de refrigeração dos cilindros. Vem em duas partes, de fácil colagem. A pintura foi feita toda em preto, pois encontrei muitas dificuldades para achar referências tanto do motor quanto da aeronave, e decidi seguir o que indicavam as instruções.

Por último, montei o capô do motor que vem em duas partes, e o alinhamento das partes é um tanto complicado, porque não existem encaixes. Depois de colado, dei o acabamento com putty e também apliquei primer, deixando-o pronto para a pintura. Antes de efetuar a pintura, instalei o canopy. Para quem tem mais experiência com vac-form, não devem existir dificuldades, mas como foi minha primeira experiência, confesso que tive um certo receio. O corte da peça foi bem feito, mas a colocação no cockpit ficou um pouco a desejar. As instruções indicam a opção de fazê-lo aberto, mas por pura falta de experiência resolvi deixá-lo fechado. Como não há maiores detalhamentos no cockpit, não vi problemas.

A Pintura A pintura foi feita com tintas Hobby Cores (HCF-22 Flat Dark Tan - FS 30219 e HCF-15 Flat Field Green - FS 34128 na parte superior) e Tamiya (XF-23 Light Blue - FS-35526 na parte inferior da fuselagem, e X-8 Lemon Yellow nas asas, capô e spinner), aplicadas com aerógrafo Aztek A-430, compressor de nebulizador e utilização de máscaras (pintura a mão livre nunca foi meu forte). Todo o interior do avião é em cinza claro (poços das rodas, cabine, interior do capô - HCF-23, FS-36622). Por último, colei o conjunto do trem de pouso e o Tail Skid.

Na montagem das portas do trem de pouso, tenha um pouco de atenção. As instruções indicam que a parte inferior (próxima às rodas) é colocada externamente às partes que vão às pernas do trem, mas em fotos obtidas na net, pude observar que são internas. Portanto, atenção aqui. No meu modelo, como já estavam coladas, deixei de acordo com as instruções. Por último efetuei a aplicação dos decais, que fixaram sem problemas. São finos e muito bem acabados. Após a aplicação, foram tratados com Mr. Mark Soft da Gunze. Conclusão

O kit do IAR-80 da LTD é um típico short-run, mas vale a pena. É trabalhoso, exige paciência, mas o resultado final compensa, principalmente para os que gostam de sair da mesmice dos 109/190/P-51/P-47/Spit. E para aqueles que têm mais habilidade em detalhamentos, o kit é uma ótima base para isso. Não foi o caso desse modelo, foi montado direto da caixa. A grande particularidade, é que ele só existe graças à habilidade de meu irmão em trabalhos de scratch com placas de PVC. Explico: logo que foi adquirido, a empregada de casa teve o descuido de deixá-lo no chão, e na época meu cocker spaniel era filhote. O resultado foi que o kit teve 50% de seu total devorado. Assim, a metade dianteira da fuselagem esquerda, a metade traseira da fuselagem direita, a asa superior direita e a inferior esquerda, além de parte do capô do motor, são em scratch de PVC. Valeu mano!