T26E3 Pershing

Review e Step-by-Step

autor:  Marcos Serra (Panzerserra)  

panzerserra@gmail.com 

Histórico:

     A Doutrina do emprego dos  Blindados era totalmente diferente, se levarmos em conta a visão dos Aliados e dos Germânicos. Os primeiros, como a França, Inglaterra e Estados Unidos, consideravam o Tanque primordialmente como uma arma de apoio de infantaria. Já os Alemães consideravam os seus tanques como pontos-chave, em um papel bem mais agressivo na batalha: apoiava e abria caminho para a infantaria, mas também combatia os tanques inimigos, perseguindo-os e destruindo-os, assegurando os pontos conquistados até a aproximação da infantaria(geralmente motorizada...).

      A Doutrina Aliada era oriunda da Primeira Guerra Mundial, onde o tanque era um mero "abridor de caminhos" para a infantaria, não se afastando desta em hipótese nenhuma. O apego à estas idéias arraigadas em uma vitória anterior geraria, nos Aliados, uma "miopia" que seria a responsável pelo desenvolvimento de excelentes máquinas de apoio, mas não oponentes sérios aos tanques inimigos.

      O típico tanque americano, o M4 Sherman, era uma máquina robusta, resistente e confiável, mas quando encontrava-se perante aos seus oponentes alemães de mesma classe, eram facilmente batidos por estes, na luta tanque x tanque.

Sherman M4

        E esta tendência se agravou com o desenvolver do conflito. Enquanto os americanos tentavam incrementar o poderio de suas máquinas, os alemães lançavam oponentes ainda mais formidáveis, como os "Grandes Gatos" Tigre I , com seu formidável canhão de 88mm...

Tigre I

... e o Panther, com seu canhão de alta-velocidade de 75mm.

Panther

        Estas máquinas semeavam o pânico entre os Corpos Blindados Aliados, gerando uma sensação de impotência que era dificil de ser combatida. Apenas a extrema coragem destes homens e o grande número das máquinas aliadas poderiam fazer frente a estes formidáveis colossos...

         Os americanos incrementaram o Sherman com um canhão de 76mm, de maior velocidade de boca que o de 75mm, dando uma maior capacidade de penetração, mas mesmo assim, os Aliados tinham que se aproximar muito e apenas nas áreas vulneráveis dos tanques alemães, para conseguir uma penetração em suas espessas blindagens.

Sherman M4A1 76mm

       Outra tentativa foi a de re-armar o Sherman com o mais poderoso canhão disponível, que coubesse no aro de sua torreta. Esta arma formidável era o 17 libras inglês, que era um oponente formidável aos Gatos Germânicos, mas que não conseguia suportar o mesmo nível de "punição" dos blindados alemães. E sempre estavam em poucos números, nas forças aliadas que avançavam para o coração da Alemanha. Este tanque era o Sherman Firefly:

Sherman Firefly

         A série final dos Shermans foi o M4A3E8, com suspensão melhorada e com melhor distribuição de contato com o solo, mas mesmo assim, não era páreo para os citados Felinos Alemães. Esta versão era armada com o canhão de 76mm americano, menos potente que o 17 libras inglês.

M4A3E8 Sherman Easy-Eight

         O Alto Comando Americano chegou a conclusão que era necessário uma nova família de tanques, pois a linhagem dos Shermans tinha se esgotado com o E8. A imensa capacidade industrial americana, intocada, foi convocada para a resolução do impasse, com novas máquinas saindo das linhas de produção. Uma nova família começou a ser desenvolvida, com o advento do T20. Este blindado apresentava um novo casco fundido de maior blindagem, de perfil mais baixo que os dos Shermans e com melhor bal´sitica. Este casco seria o antepassado direto do Pershing. Os primeiros modelos T20 usavam a suspensão E8 de molas horizontais, mas no sub-tipo E3, apresentava uam suspensão por barras de torção que seria a característica da futura família.

T20E3

        Os tipos e sub-tipos foram se sucedendo, com o advento do modelo T23E3, com o casco em sua conformação quase final (repare na torreta T23 Sherman , de 76mm ):

T23E3

        O último protótipo antes da versão definitiva foi o T25, com muitas das características do que seria o definitivo Pershing.

T25E

         A família Pershing seria uma das linhagens mais longevas do Exército americano, gerando máquinas que provaram o batismo de sangue no final da Segunda Guerra Mundial, passando pelas Guerras da Coréia e do Vietnã, quase 30 anos depois do final do conflito na Europa.

Família Pershing-Patton

         O T26E3 participaria dos últimos estágios da II Guerra Mindial, no início de 1945 com a Missão Zebra. Foram enviadas à Alemanha 20 unidades para a prova efetiva em combate.

Relação dos 20 T26E3 que participaram da WWII - Europa

          O seu primeiro gosto da Batalha foi uma punição. Na luta contra os Panzers alemães, os Pershing´s foram os primeiros a perderem sangue. Na noite de 26 de fevereiro de 1945, o T26E3 FIREBALL foi penetrado por um obus de 88mm de um Tigre que estava de tocaia, mas no dia seguinte, os T26 cobraram sua vingança, destruindo um Tigre I e dois Panzers IV Late à distâncias inimagináveis aos tanquistas de Shermans. Os T26E3 foram estandardizados como M26 Heavy Tank em março de 1945 e, mais tarde, batizado de Pershing. Os M26 foram re-classificados como Tanques Médios no final de 1945 e, depois, evoluíram para M46 e M47, com diversas melhorias.

Especificações técnicas:

Comprimento: 8,60 ms

Largura: 3,5 ms

Altura: 2,8m

Peso em ordem de combate: 42.000 kgs

Motor: Ford GAF V8, 500 HP, a gasolina, refrigerado a agua

Armamento: Canhão M3 L/53 de 90mm com 70 projéteis de munição; metralhadora .30 1919A4 co-axial, com 2.500 salvas; metralhadora .50 M2HB na torreta, com 550 salvas; metralhadora .30 1919A4 no casco, com 2.500 salvas.

Velocidade máxima: 40,2 Km/h em estrada

Raio de ação: 162 Kms

Tripulação: 5

O kit:

O kit : T26E3 Pershing - Dragon 1/35

       Dentro de uma  caixa de papelão, as peças de estireno cinza-claro vem embaladas em sacos plásticos termo-selados. Além das peças em cinza, 04 árvores de plástico preto-prateado com as lagartas link-by-link e as saias laterais dos para-lamas. Completando, uma folha de decal bem simples, com opção para dois veículos da Missão Zebra. Optei em montar o meu com as cores do T26E3 nº 51, que participou da conquista das Pontes  Remagen:

Profile

        A arte da caixa do kit reproduz uma foto deste tanque nº 51:

A arte e a realidade...

        Iniciei a montagem pela construção das rodas e da suspensão, tarefa sempre levada a cabo com paciencia e cuidado, para não danificar os detalhes do modelo. O primeiro contato com o plástico me foi desagradável: ele é friável e quebradiço. Deve se ter muito cuidado para destacar as peças mais delicadas das árvores...

Conjunto de rodeiros

       Os braços da suspensão por barra de torsão devem ser montados com muito cuidado, pois são colados e não ficar desalinhados. Os rodeiros não apresentam possibilidade de rotação, nem os braços tem movimentos. optei em montar apenas os braços, deixando os rodeiros para depois da pintura, pois tem sapatas de borracha ao seu redor (facilitar a pintura).

Braços de suspensão

       O escapamento apresenta um orifício com pouca profundidade. Resolvi perfurá-lo, para dar mais sensação de realidade à peça, que se destaca na traseira do tanque. Neste escapamento, vai preso o travel-lock do cano do canhão. Fiz isto com a Dremel e uma broca laminada esférica. Veja a foto abaixo da peça semi-pronta e terminada (no detalhe):

Perfurando o escapamento

       E, falando em cano do canhão, apresento um acessório muito interessante, que é o canhão em alumínio da Barrel Depot, que comprei para melhorar o aspecto de meu tanque:

Um acessório útil...

      O casco do kit é bem texturizado, dando uma característica de fundição bem realística. De se notar a ausência de cast-numbers, que daria ainda mais realismo ao kit. Repare nos tres polígonos a ré da tampa de combustível de ré: São os locais de apoio do travel-lock do canhão da versão M26. Para o T26, estas saliências devem ser lixadas...

Bird-view: casco fundido do T26E3

        Todas as escotilhas podem ser montadas nas posições abertas ou fechadas. As escotilhas do metralhador e do motorista são muito bem detalhadas, capturando as dimensões e formas das reais. Bonitas peças:

Detalhes das escotilhas de casco

        O kit não vem com periscópios. Uma pena... Mas voltando a montagem do tanque, colei o casco ao chassis, tendo o cuidado de alinhar perfeitamente os encaixes. Uma pequena fresta apareceu entre o upper-deck e a ré do casco. Vou selá-la com uma fita de plasticard, mais tarde...

Conjuntos de suspensão e casco

        A montagem da torreta não apresenta nenhum mistério. Fiz as antenas com agulhas de acupuntura...São ideais...A metralhadora .50 é uma pequena jóia. Eu a separei para pintá-la em detalhes...

Antenas de acupuntura...excelentes !!!

         Uma visão anterior do casco e torreta. reparem na delicadeza dos protetores de periscópios, em plástico. Optei em deixar as escotilhas de casco fechadas e as da torreta abertas. A tripulação será instalada em uma próxima oportunidade...

Visão anterior

        Repare na fina tira de plasticard que acrescentei para vedar o gap entre a ré e o upper-deck posterior...Observe a seta:

Fechando o gap...

        As instruções apresentam um erro grave: mandam colar as peças C32 e C33 no para-lamas dianteiro e as peças C35 e C34 nos traseiros. Não faça isso !!!

Ops..erro da Dragon !!!

     Estas peças são os tensores de para-lamas e não existiam nos T26E3. Elas foram introduzidas nos M26, mais tarde...

     Depois de colar todos os detalhes de casco e torreta, um bom banho de tinta. Usei a Olive-drab, com seus sub-tons mais claros e escuros.

Primeira demão de tinta e caracterização de tons...

     Ao secar a tinat, uma boa camada de verniz brilhante para permitir a adaptação correta das decais, sem silvering e de um wash convincente. Meu Pershing na mundialmente famosa cabine de pintura Phillips-Panzerserra:

Cabine de pintura

     Depois do verniz seco, comecei a montar os rodeiros. Recomendo um wash e um weathering no casco inferior antes desta etapa...Fica bem mais fácil.

Roletes de retorno instalados...

      Decais aplicadas com softer e um discreto wash. Não exagerei nos desgastes e ferrugem, pois estes carros eram recém-chegados ao front. Usei mais a técnica de empoeiramento...A metralhadora anti-aérea instalada...

Quase pronto !

        Reparem no detalhe do escapamento pintado com óxido e com washes diversos...

Detalhes de ré.

       E, agora, a hora chata da montagem: as link-by-links.  Um problema apareceu por aqui: as lagartas apresentam sinais de injeção bem visíveis, em cada segmento. Optei em montar os conjuntos e , depois, lixar os segmentos, pois lixar peça por peça seria uma loucura arrematada !!!! Nesta etapa, uso cola fusora (cloreto de metileno...).

Colando as link-by-link...

       Mas nem tudo é tristeza: as peças se encaixam com uma perfeição absoluta...Quase fico tentado em não colar. Mas esta bobeira passa logo...Reparem que este segmento acima só está encaixado...Montar é fácil: é só usar uma régua como gabarito e ir encaixando segmento por segmento...

Encaixe fácil...

      Depois, iniciar a colagem: Reparem nas marcas de injeção. Quase que corto meus pulsos com uma régua, mas uma lixada resolveu tudo...

Segmento de lagarta.

       A adaptação dos segmentos de lagarta na roda tensora e na roda tratora: fita crepe !!!

Roda tensora e tratora...

      Admito que esta foi uma das link-by-link mais fáceis de montar que já encarei em minha Jornada Modelística...

      Eu estranhei uma coisa: o kit não vem com ferramentas...Eu estava quase apelando para a minha caixa de sucatas, quando a Pesquisa deu os seus frutos: achei esta foto, onde mostra que as ferramentas e demais badulaques ficavam dentro dos containers laterias do tanque...Bem bolado !!!

Storage-box.

     Pronto . Meu Pershing ficou pronto. Outra pena é ele vir sem tripulação, mas isto é uma coisa para a "Dona GPG" resolver. Vejam as fotos:

T26E3 pronto !!

Conclusão:

        Embora um kit antigo (1995) e sem os acessórios hoje comuns aos Dragons (peças a mais, PE e tubos de alumínio), este Tanque Pesado me foi uma grata surpresa. Montagem fácil e rápida, sendo que em apenas um final de semana, ele já estava rodando alegremente pela minha estante, olhando com desdém para os Shermans e feio para os Panteras e Tigres estacionados por lá !!!

Altamente Recomendado !!!

Agradeço a minha carteira e a minha Gata pela aquisição deste modelo raro.

Foi um prazer e um previlégio partilhar mais esta experiencia com vocês...

Até a próxima !!

 Marcos Serra (Panzerserra) 

panzerserra@gmail.com