Yokosuka D4Y1 “Judy” 1/48 Fine Models

Por: Armando Vieira - GPPGYN

1 - História

O Aichi D3A1 “Val” era um avião muito bom, porque quando de sua participação no ataque a Pearl Harbor e nas batalhas de Midway e do Mar de Coral já havia sido extensivamente testado, e suas tripulações sabiam tirar o máximo proveito de suas características em suas missões de bombardeiro de mergulho. Mas no verão de 1942 ele já estava ficando obsoleto, e a Marinha Imperial Japonesa já havia percebido que o conflito não iria acabar tão cedo. Como conseqüência, era muito lógico supor que novas e grandes batalhas envolvendo porta aviões estariam por vir. Portanto, um substituto para o Val era extremamente necessário.

Infelizmente, para o novo avião foi feita uma má escolha do motor que deveria equipá-lo inicialmente. A uma determinada altura dos acontecimentos, esse motor restringiria muito o desenvolvimento do avião, transformando-o em um alvo fácil para os F6F Hellcat da Marinha dos Estados Unidos. Inicialmente, o avião que seria conhecido como D4Y “Judy” utilizou a versão japonesa do motor alemão Daimler-Benz DB-601. Da mesma forma que o Kawasaki Ki-61 Hien “Tony”, o Judy foi constantemente assombrado pela baixa qualidade da versão produzida pelos japoneses desse excelente motor alemão. Consequentemente, o avião projetado para ser um bombardeiro de mergulho com dois tripulantes e uma pesada carga de bombas, era subpotenciado. Além disso, a vibração excessiva das asas em altas velocidades o transformou em pouco mais do que uma arapuca mortal. Essa é a versão representada por esse kit.

O D4Y nunca conseguiu substituir por completo o D3A “Val”, como pretendido originalmente. Os problemas de motor conduziram ao desenvolvimento do D4Y2, equipado com motor radial Homare e novas longarinas para as asas, mas essa versão chegou demasiadamente tarde para que pudesse ter algum valor real para os japoneses. A essa altura dos acontecimentos, o Japão já não mais possuía porta aviões e nem tripulações adequadamente treinadas para fazer frente à Marinha dos Estados Unidos na Guerra do Pacífico.

O D4Y-1 teve em sua carreira duas oportunidades bem sucedidas. Em 24 de outubro de 1944, um D4Y-1 conseguiu passar por um ataque e por uma patrulha de F6F Hellcat e atacar o USS Independence no momento em que uma força de aeronaves totalmente abastecida e armada se preparava para decolar, ou, seja, o momento mais vulnerável de um porta-aviões. O incêndio resultante desse ataque provocou o afundamento do USS Independence, o último porta aviões americano a afundar na guerra. Em 13 de abril de 1945 outro solitário Judy conseguiu enquadrar o USS Franklin exatamente no mesmo momento, posicionado a aproximadamente 100 milhas de Honshu, e a história desse navio é conhecida em todo os Estados Unidos como exemplo de um altamente eficiente controle de danos e dedicação da tripulação.

2 - O Kit

A Fine Models é uma companhia muito similar à Trimaster, que lançou diversos modelos japoneses nos anos 80. Os kits vinham com diversas peças em metal branco e conjuntos de foto gravados para o interior, o que fazia seus projetos um tanto avançados para a época, mas com um alto custo, em torno de US$ 60,00 a 80,00. Quando pensamos na gritaria dos modelistas devido ao alto preço dos kits Tamiya e Hasegawa, o silêncio em torno desses kits da Fine Models deu apenas um resultado. Eles não se transformaram em itens de prateleiras como tantas outras marcas. Os moldes da Fine Models são, quando comparados, similares aos da Hasegawa, principalmente aos lançados nos anos 80.

Vários desses kits têm sido relançados recentemente, mas sem as peças em metal branco, e seus preços vêm sendo considerados razoáveis. Isso vai em sentido contrário aos kits lançados pela DML, TriMaster e recentemente pela Italeri.

O kit do Judy é simples, com linhas finas dos painéis e bons detalhes na injeção. O nariz do avião vem em peças separadas, e a fábrica fornece kits para os dois modelos, o primeiro equipado com motor em linha e o segundo equipado com motor radial, por isso as peças separadas para a montagem do nariz da aeronave.. No conjunto leme/profundor isso também se repete, por isso essa parte vem destacada, pois aproveita-se o corpo principal da fuselagem. Um colega que construiu esse kit me disse que o ajuste do cowling à fuselagem é complicado, mas creio que qualquer modelista com um pouco de experiência não terá nenhuma dificuldade com esse kit.

O canopy do kit é bem transparente, mas um tanto espesso. A Squadron tem no mercado um canopy em vac-form para esse kit, o que sem dúvidas lhe dará uma aparência muito melhor.

Os decais possibilitam cinco diferentes versões, quatro mais antigas e uma mais recente, operando nas Ilhas Marianas, Filipinas e nas ilhas do Império Japonês durante os anos de 1943-1944. Ao olhar, esses decais parecem extremamente similares aos da Hasegawa para esse mesmo modelo, e sou capaz de dizer que vieram da mesma gráfica. Serão, provavelmente, tão bons quanto qualquer decal Hasegawa. Pelo menos passam essa impressão.

Conclusão

Quase tão significativo quanto seu predecessor, o “Judy” foi um importante avião da Marinha Imperial Japonesa durante a Guerra do Pacífico, e, consequentemente, pertence à galeria dos aviões imortais da IJN. Após terminado, pode ser colado lado a lado com qualquer kit contemporâneo da Hasegawa, seja um Val ou um Jill.

Armando V. Santos Jr.