Histórico:

O Savoia-Marchetti S.79, também conhecido como Sparviero, nasceu em 1933 na prancheta de Allessandro Marchetti, projetista chefe da Societa Idrovolanti Alta Italia (SIAI) como um avião civil de oito passageiros e três motores, para ser inscrito na corrida aérea NacRobertson London-Melbourne. Ele tinha trens de pouso retráteis, os primeiros em um avião italiano. Infelizmente o avião não ficou pronto a tempo de disputar a corrida aérea. O primeiro protótipo, registrado como I-MAGO, não fez seu primeiro vôo antes de 8 de Outubro de 1934. O General Guiseppe Valle, comandante da Regia Aeronautica voou no avião em uma viagem pela África italiana em Agosto de 1935, e se tornou o maior incentivador do projeto. Seu apoio foi fundamental, já que várias pessoas influentes na Regia acreditava que a configuração de três motores era obsoleta para um bombardeiro.

Em 1936 a versão de bombardeio estava em produção, e o S.79 entrou em serviço na Regia Aeronautica em Dezembro de 1936, e era mais rápido que os caças então em operação, em sua maioria biplanos. Eram muito manobráveis mais tinham armamento fraco e pouca velocidade. O Sparviero ainda era malvisto na cúpula da Regia, pelos seus motores e armamento defensivo, mais de todos os projetos concorrentes, foi o único a obter algum sucesso (os outros iam de perigosos para os pilotos a pobres em performance). O S.79 teve seu batismo de fogo na Guerra Civil Espanhola, operado pelos “voluntários” da Aviacion del Tercio. O bombardeiro não teve sua chance de se provar eficiente na defesa contra caças inimigos, já que somente o soviético I-16 tinha alguma chance de alcançá-lo. Quanto a Itália entrou na Segunda Guerra Mundial em Junho de 1940, o S.79 logo se mostrou bastante vulnerável aos Hurricanes da RAF no Norte da África.

O S.79 achou sua verdadeira vocação quando foi convertido para carregar um torpedo, e o primeiro esquadrão aéreo torpedeiro, o Squadriglie Aerosiluranti foi formado em Agosto de 1940. O esquadrão conseguiu afundar ou danificar inúmeros navios, mas não conseguiu evitar o abate de vários Sparviero, com a morte de vários aviadores.

O último ataque da Aerosiluranti aconteceu em Julho de 1943 quando o HMS “Indomitable” foi atacado sem sucesso nos arredores da Sicília. Depois do armistício, um grupo de torpedeiros foi operado pela Aviazioni della R.S.I. até 1945, mais somente com sucesso limitado e muitas perdas.

Dimensões :

• Envergadura    20,70 metros
• Comprimento    15,90 metros
• Altura               4,10 metros

Armamento :

• 1 metralhadora fixa de 12,7 mm
• 2 metralhadoras móveis de 12,7mm
• 1 metralhadora móvel de 7,7mm

Motores:

•  3 motores Piaggio PXI RC 40 radiais de 1.000 hp´s cada um usando uma hélice tripá.

Desempenho:  

• Velocidade Máxima :   434 km/h a 3.600 metros
• Autonomia:               1.990 km (carregado) / 3.500 km (máx.) 
• Carga máxima:           2.200 kg de bombas

O Kit:

Até esse kit ser lançado, existiam duas opções na escala 1:48. O kit em plástico injetado da Artiplast (hoje comercializado pela SMER), que era 1:50 na realidade, e o kit de resina da Vintage Models. O kit da SMER data da década de 60 (vocês estão ficando velhos, heim?? :-D), esse kit é muito bom se você quer provar pra todo mundo que consegue realizar milagres! Os encaixes são horríveis e para complicar não é muito fiel ao avião. Escolha alguém que você não goste e mande de presente. Já o da Vintage Models é bem melhor, pois é fiel ao avião, mais além de ser caríssimo (em dólares, imaginem só em reais), também não era nada fácil de montar, e apresentava problemas com suas transparências formadas à vácuo (pequenas demais para os encaixes na fuselagem).

O kit da Classic Airframes, ou simplesmente CA, apesar de ser um “short run” (kits com tiragem mais baixa, geralmente de baixa qualidade), é muito rico em detalhes e apresenta encaixes perfeitamente aceitáveis. Isso porque a CA desde seus Reggiane Re.2000 vem usando moldes metálicos fabricados pela MPM, que também injeta os kits, ao invéz dos kits anteriores que foram feitos com molde de resina.

O S.79 da CA conta com uma adição especialmente apreciável dos kits dessa marca. Todo o interior, rodas e detalhes mais delicados são confeccionados em resina. Detalhamento extra fora-da-caixa, já que poucos kits injetados “Tamigawa” contam com esse recurso. Os motores são especialmente bem feitos, como se pode ver nas imagens. Foi aplicada uma camada de wash para acentuar o detalhamento. Outra jóia é a metralhadora. Por ter seu cano bastante fino e perfurado, é bastante frágil, e foi a única peça que veio danificada. Mais o reparo não deixou seqüelas, como se vê no detalhe (bastante aumentado).

Ele ainda mostra suas veias de kit short run na total ausência de guias de encaixe. Isso pode dificultar a montagem para um iniciante, por exemplo. Também é recomendável, por esse mesmo motivo, que se reforce os encaixes das asas e dos profundores. As peças apresentam algumas rebarbas, nada sério. Como se vê na imagem, a “corcunda” na fuselagem do S.79 vem moldada fechada, então se o modelista quiser mostrar todo o detalhamento interior terá que cortar essa parte. A peça da corcunda recolhida é fornecida em resina. Ele conta também com uma pequena folha de Fotogravuras pela Eduard.

O kit conta com decalques impressos pela Microscale, e por isso excelentes. São três diferentes versões. Dois da Guerra Civil Espanhola e um da 193ª Squadriglia (1940), contando com as marcações do “homem elétrico” que hoje seriam consideradas por alguns “politicamente incorreto”.

Infelizmente o kit não conta com o torpedo nem marcações para os S.79 torpedeiros, mais a CA já anunciou o lançamento dessa versão ainda para esse ano.

Conclusões:

O kit da CA, apesar de não ser nem de longe barato, é ainda muito mais em conta que o da Vintage Models, e é muito superior. Talvez a única vantagem do kit de resina seja a presença de detalhamento na parte traseira da fuselagem, inexistente no kit da CA. A CA até forneceu as partes para a escada na porta da fuselagem, mais sendo a fuselagem oca por dentro, o modelista terá que comprar algum set de detalhamento para essa parte ou construir os detalhes. Acredito que a maioria irá preferir deixar a porta fechada.

Rodrigo Santos