A Utilização da Meia Lagartas no Brasil

Os veículos meia lagartas dessa família foram largamente utilizados por alguns países durante a segunda guerra mundial, incluindo o Brasil. Com o acordo militar que havia entre o Brasil e os Estados Unidos no período da guerra, foram recebidos 5 veículos desse tipo sendo modelos M3 e M3A1. Apenas 3 desses veículos mantiveram-se ativos durante o conflito e que receberam a designação de Transporte de Rolamento Misto ½.

Com o fim do conflito, as meia lagartas vem para o Brasil e uma quantidade considerável dessas viaturas passa a incorporar os efetivos do Exército Brasileiro. Recebemos cinco modelos distintos desses veículos, M2, M2A1, M3, M3A1 e M5. As principais características que diferenciam estes modelos são:

M2: Possui um trilho que circunda todo o interior do veículo, onde estão alojados, dois suportes para metralhadoras .30, cofres de munição nas laterais e tanques de combustível em seu interior e porta minas nas laterais.

M2A1: Com basicamente as mesmas característica da M2, excetuando-se o trilho, essa possuía um anel com trilho e suporte para .50, suportes traseiros para carga e guincho na dianteira do veículo.

M3: Mais longo que os veículos anteriores, maior capacidade para transporte de pessoal, mudança na posição dos tanques de combustível e um suporte central para metralhadora .50, como as outras, também possuía porta minas em sua lateral só que mais longo e porta traseira para embarque.

M3A1: Como seu antecessor, é mais longo que os veículos anteriores, maior capacidade para transporte de pessoal, mas sem o suporte central para metralhadora .50 recebendo em seu lugar um anel idêntico ao usado na M2A1, porta minas em sua lateral só que mais longo e porta traseira para embarque além de suportes para instalação de uma lona para cobertura do veículo.

M5: A diferença mais visível é os para lamas e sua traseira com cantos arredondados, seu interior é basicamente idêntico ao da M3. Uma coisa muito comum era encontramos essas viaturas as vezes com faróis em sua lateral e outras sobre o para lama, mesmo em modelos da mesma categoria.

No final dos anos 60, um grupo de projetistas do Parque Regional de Motomecanização de São Paulo, consegue repotenciar um M2, substituindo seu motor original a gasolina por um Diesel Perkins de fabricação nacional, juntamente com as lagartas que eram fabricadas pela Novatração. Isso se deve ao fato de que muitos desses carros já haviam sido extremamente canibalizados e suas peças de reposição começavam a rarear, aliado ao fato de que um motor a Diesel possuía um custo de manutenção e consumo bem inferior ao motor a gasolina. Foram feitos diversos testes com esse carro pela Diretoria de Motomecanização e tendo sido aprovados, o restante desses veículos começa a ser convertidos de maneira que eles continuaram ativos ato o início da década de 80. Em função dessas canibalizações que ocorriam dentro dos quartéis com fins de que alguns veículos continuassem operando, era comum encontramos, por exemplo M2 com partes de M2A1 e vice versa. Isso valia para todos os carros dessa classe.

Montando o M2A1 da Dragon 

O modelo vem acondicionado em uma caixa padrão da Dragon, não oferecendo muita resistência a impactos. Todas as árvores estão embaladas em sacos de acetato o que impede que alguma peça venha a se perder na caixa caso ela venha a se desprender da estrutura. A folha de decal vem devidamente protegida dentro de um pequeno saco de acetato. Dentro da caixa encontramos o seguinte material:

1. Oito Árvores de plástico injetado na cor cinza claro;

2. Um Encarte de papelão contendo a árvore das transparências, folha de photo etched, fio de seda;

3. Três folhas de decais, saco com as rodas tratoras e outro com as rodas tensoras.

DESCRIÇÃO DAS ÁRVORES:

A: Peças bem injetadas e com certa textura, não sei se proposital ou pelo fato de ser um modelo com forma bem recente, não apresenta aquela aparência lisa e brilhante do plástico. A única peça que apresenta marcas de injeção mais aparente é na longarina do chassi, talvez devido ao desenho da própria peça em si.

B: Idem acima. Ponto negativo: A peça de nº. 9 que corresponde ao piso e a sessão do assento têm os pedais de freio, acelerador e embreagem, injetados no próprio piso. Também achei a peça 8 que corresponde ao extintor de incêndio, muito mirrada. As peças 10 e 12 que são as portas de acesso do veículo apresentam uma aba simulando a maçaneta.

C: Nada a comentar.

D: Muito boa a injeção, detalhe interessante na esteira que pela característica da própria tem uma excelente moldagem e forma de montagem dividida em duas partes, facilita a pintura e seu encaixe no modelo;

E: Peças transparentes excelentes. Faróis bem moldados e perfeitos. O vidro das janelas vem moldado na própria armação;

J: Peças excelentes. Destaque especial para as metralhadoras que além de serem muito bem feitas e injetadas, já vem com o cano furado;

K: Idem. Ponto negativo: Peças 29 e 30 que são os suportes laterais para minas terrestres, já tem as minas injetadas junto do suporte;

W: Rodas tratoras e tensoras injetadas a parte e de muito boa qualidade;

MA: Folha de Photo Etched razoável e básica.

MONTAGEM DO MODELO

Fase 1: Corresponde à seção do motor, radiador, eixo dianteiro, caixa de transmissão e rodas tratoras e tensoras. É bem fácil e as peças apresentam um bom encaixe, mas logo na fase inicial da montagem a um erro gritante da Dragon. A instrução indica que a peça A35(Ventilador do Radiador) deve ser colada na peça A36(Conjunto de Polias), mas em sua parte inferior. Só que a peça A35 deve ser colada na seção superior da peça A36 onde se encontra o eixo que movimenta o ventilador. Isso pode ser observado na própria instrução na etapa 5 onde o motor já está montado e sendo encaixado no chassi do veículo.

Fases 2, 3 e 4: Chassis e sistema de rodagem da meia lagarta. Na montagem do sistema de rodagem, as peças D22 são usadas para segurar todas as rodas do conjunto. Ocorre que essas peças serão coladas por um pequeno eixo de plástico que vai segurar todo esse conjunto depois de montado. A minha solução foi colocar um pequeno tubo de metal vazio unindo essas partes de maneira a fazer um eixo mais resistente para que não venha a desmontar depois de pronto e facilitar o restante da montagem. Uma outra falha da Dragon nessa fase da montagem, a instrução manda que a peça D34 seja encaixada na D32 em uma determinada posição, só que deve ser ao contrário, pois da maneira que está na instrução, ela não encaixa.

Fases 5, 6 e 7: Montagem sem grandes problemas. Nessa etapa eu optei por montar e deixar o sistema de rodagem separados de maneira a poder pintar com mais facilidade todo o conjunto do chassis. Isso vai facilitar o encaixe da seção traseira do veículo após a conclusão das etapas 15 em diante. Nas peças C15 e 16 você tem molas injetadas em suas laterais e optei por substituir por molas de verdade dando um outro aspecto mesmo depois de pintadas. Essas molas foram aproveitadas de agulhas de acupuntura, pois a base dessas agulhas é idêntica a uma mola.

Fase 8: Montagem da .50. O conjunto é de muito boa qualidade, o cano da metralhadora já vem furado sem a necessidade de efetuarmos essa operação. O suporte é bem detalhado e todo o conjunto é formado por um total de 9 peças de excelente qualidade.

Fases 9, 10, 11 e 12: Montagem do interior da cabine de pilotagem. Algumas partes foram substituídas por photo etched, incluindo o painel de instrumentos. Descartei o extintor de incêndio por achar que o que acompanha o modelo é bem mirrado e como minha caixa de sucatas possuía outros de boa qualidade, fiz a substituição. O interior depois de montado oferece uma boa oportunidade de acabamento/detalhamento, mas como estou fazendo um veículo que representa uma viatura do Exército Brasileiro, resolvi não abusar. O interior da cabine de pilotagem é muito bem feito e com boa representação das partes que envolvem essa seção do veículo. A montagem também transcorreu sem grandes problemas.

Fases 13, 14, 15 e 16: Montagem da seção traseira. Como antes, as peças colam muito bem sem grandes problemas no encaixe. Atenção especial para a .30 que é muito bem injetada juntamente com seu suporte que corre em um trilho montado dentro da parte traseira do veículo. A grande surpresa encontra-se na fase 15, mais exatamente na colagem das peças K13 e K14 na peça K10. Esse conjunto vai ser encaixado no chassis do veiculo. Podemos observar nas peças K13 e 14, um pequeno dente que servirá de guia para o “perfeito” encaixe. Infelizmente isso não acontece como esperava e só fui descobrir com o modelo já pintado. O jeito foi lixar pela parte de dentro dessas peças de maneira que o encaixe fosse feito a contento. Isso talvez não houvesse acontecido se eu tivesse feito o encaixe antes das peças pintadas, mas cometi o erro e fui obrigado a repintar essa seção após haver lixado.

Fase 17: Instalação das metralhadoras e bancos. Como optei por fazer um veículo do Exército Brasileiro, nem sempre eles estavam com todas as metralhadoras, as fotos de referência em sua maioria não mostra nenhuma delas, salvo o caso de desfiles e mesmo assim só com a .50. Isso não é uma regra, foi opção minha montar somente com a .50. Eu pintei todos os encostos dos bancos com khaki da Tamiya e depois de seco fiz uma aplicação de betume para dar um efeito de envelhecido e que a meu ver ficou bem razoável. É claro que cada um possui técnica própria sobre isso.

Fase 18: Instalação e montagem dos faróis. O modelo vem com um photo etched para a grade que vem na frente do farol que se encaixa bem, mas acabei utilizando o PE da Lion Roar pois ele é mais completo que o do modelo. No farol eu dei uma pequena pincelada com chrome silver da Humbrol por dentro para simular o cromado que esses faróis costumavam possuir. Depois da lente colada, o efeito é muito bom.

Fase 19: Encaixe das seções dianteiras e traseiras. Nessa fase você vai colar as duas seções do carro no chassi. A seção dianteira que corresponde a cabine do veículo encaixa perfeitamente sem nenhum tipo de contratempo. Infelizmente isso não acontece com a seção traseira como foi descrito logo acima. Faça o teste da montagem seca para não ter surpresas desagradáveis.

Pintura e Marcação do M2A1

Eu acabei optando por montar um M2A1 para representar um veículo do 13º RecMec de Pirassununga, também conhecido como Esquadrão Anhangüera. O interessante desse esquadrão, é que muitos veículos levavam nos dois lados das viaturas, o símbolo do Anhangüera. Infelizmente não existe decal para esse tipo de marcação e nessa fase contei com a inestimável ajuda do amigo Felipe Canuto Miranda (FCM Decais) que confeccionou o decal com base em uma arte que encontrei na Internet. O restante das marcações como o Cruzeiro do Sul e matrícula eu já possuía de outras folhas. O carro foi pintado com um verde bem próximo ao que era utilizado na época e por isso eu fiz uso do verde padrão FS34079. A tinta é duco e após a aplicação dela, eu joguei uma pequena camada de Future para uma perfeita aplicação dos decalques. Apliquei uma pequena mão de verniz acetinado, pois os carros do EB costumam andar com certo brilho em função de que sempre após as manobras ou por motivo de desfile, recebem banhos de óleo diesel. Para o envelhecimento e desgaste do veículo, usei betume, giz pastel seco e um pouco de tinta óleo. Só lembrando que esses carros não possuem o mesmo desgaste de um veículo que se encontre em zona de combate ou algo parecido. Espero que as fotos ajudem na confecção do modelo. 

Meus agradecimentos ao José Luiz da Hobbynews pela oportunidade de haver montado o modelo para a revista e ao Felipe Canuto pela confecção dos decais.

Boa diversão.