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CAC Wirraway
Autor: Armando Vieira

CAC WIRRAWAY

 

O Wirraway (na língua nativa Woiwueeung – desafio) era uma aeronave de treinamento e uso geral produzida na Austrália pela Commonwealth Aircraft Coporation (CAC) entre 1939 e 1946. essa aeronave australiana foi desenvolvida tendo como base a linha de aviões de treinamento North American NA-16, dos Estados Unidos.

Durante a Segunda Guerra Mundial o Wirraway entrou em ação como uma improvisada aeronave de bombardeio leve e ataque ao solo, atuando contra as forças japonesas. Serviu também como base de projeto e desenvolvimento do caça Boomerang, projetado e produzido pela Commonwealth.

DESENVOLVIMENTO

Três oficiais da Royal Australian Air Force (RAAF), liderados pelo Wig Commander Lawrence Wackett, foram enviados ao exterior, em 1936, para uma missão de avaliação que visava selecionar uma aeronave para ser produzida na Austrália. O avião selecionado foi o North American NA-16. As licenças de produção foram obtidas em 1937, e dois exemplares do NA-16 foram adquiridos na própria North American para servirem como protótipos. Um desses exemplares era equipado com trem de pouso fixo, sendo designado como NA-16-A1 pela North American (similar ao BT-9 da Vultee), e o outro dispunha de trem de pouso retrátil, sendo designado pela North American NA-16-2K (similar ao BC-1). O NA-16-A1 chegou à Austrália em agosto de 1937, e após a montagem efetuou seu primeiro vôo no dia 03 de setembro do mesmo ano, em Laverton, exatamente dois anos antes da declaração de guerra pela Inglaterra e pela França à Alemanha.

O NA-16-2K chegou à Austrália em setembro de 1937 e também voou pouco tempo depois. Essas aeronaves receberam nos números de série A20-1 e A20-2, de acordo com o sistema de numeração da RAAF. O NA-16-2K foi o modelo selecionado para ser produzido na Austrália. Com várias mudanças estruturais e em detalhes, como a instalação de duas metralhadoras e reforços estruturais que permitiam missões de bombardeio de mergulho, a aeronave recebeu a designação CA-1 Wirraway. A primeira dessas aeronaves recebeu a numeração A20-3 e efetuou seu primeiro vôo em 27 de março de 1939. Essa aeronave foi mantida pela CAC para vários testes, e os dois primeiros Wirraway entregues à RAAF foram os A20-4 e A20-5, no dia 10 de julho de 1939. Quando houve a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a RAAF havia recebido um total de seis Wirraways. Quarenta unidades do CA-1 foram construídas antes da entrada em produção do CA-3. Embora houvesses mudanças em vários detalhes, a mudança para a designação CA-3 tinha mais a ver com a construção do próximo lote de aeronaves, que estava sendo feita sob um novo contrato com o governo australiano do que com qualquer diferença existente entre os tipos. As versões CA-5, CA-7, CA-8 e CA-9 eram bastante semelhantes à CA-3. Apenas a versão CA-16 trazia mudanças de projeto significativas. Essas alterações incluíam maior envergadura das asas para transportar mais bombas e freios de mergulho.

Anteriormente já havia sido projetada uma versão dotada de “asas de bombardeiro de mergulho” (como as usadas no CA-16), versão essa batizada como CA-10A (um CA-10 versão bombardeiro de mergulho, que no final não foi construído). Essas asas foram adaptadas em aeronaves das versões CA-3, CA-5, CA-7 e CA-9, e um total de 113 unidades de todas essas versões foi convertido. 17 Wirraways foram modificados no pós-guerra e entregues à Royal Australian Navy (RAN), e essas modificações geraram uma nova versão, batizada CA-20. Essas 17 unidades foram geradas através de modificações efetuadas em aeronaves de todos os modelos do Wirraway operados pela RAAF. A produção continuou até o final da Segunda Guerra Mundial. O último dos 755 Wairraway construídos, o CA-16 A20-757, foi entregue à RAAF em julho de 1946.

 

Aeronaves Wirraway sendo produzidos em uma das fábricas da CAC em 1940.

HISTÓRIA OPERACIONAL

EM SERVIÇO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Da mesma forma que seu “primo” norte americano (os dois foram derivados do NA-16) T-6, que treinou inúmeros pilotos para várias forças aéreas aliadas, o Wirraway foi um dos principais treinadores da RAAF a partir de 1939. O tipo efetuou seu último vôo operacional em 1959, depois de ter sido gradualmente substituído pelo novo treinador chamado Winjeel. Paralelamente à função de treinador, o Wirraway foi usado também em missões de combate operacional, usado principalmente como caça emergencial. Com a eclosão da Guerra do Pacífico em dezembro de 1941, os Wirraways equiparam sete esquadrões da RAAF: 4, 5, 12, 22, 23, 24 e 25.

Um grupo de cinco Wirraways baseado em Kluang, na Malásia, para fins de treinamento, foi usado em combate contra a invasão de forças terrestres japonesas, sendo geralmente pilotados por neozelandeses tendo australianos como observadores, obtendo alguns sucessos.

Em 06 de janeiro de 1942 Wirraways do 24º Esquadrão tentaram interceptar hidroaviões japoneses que sobrevoavam a Nova Bretanha, mas apenas um conseguiu engajar uma aeronave inimiga, o que marcou o primeiro combate ar-ar entre a RAAF e forças japonesas. Duas semanas depois, oito Wirraways do mesmo esquadrão defenderam a cidade de Rabaul contra um ataque efetuado por mais de 100 bombardeiros e caças japoneses. O resultado foi catastrófico, todos os aviões australianos foram abatidos ou gravemente danificados, e apenas dois deles conseguiram retornar à ação, mas na Austrália. No dia 12 de dezembro de 1942, o Flying Officer J.S. Archer estabeleceu contato visual com um caça japonês Mitsubishi A6M Zero voando cerca de 1.000 (aproximadamente 300 metros) abaixo dele. Imediatamente mergulho sobre o caça japonês, disparando suas metralhadoras, fazendo o Zero ser arremessado contra o mar. Esta foi a única ocasião na qual um Wirraway abateu outra aeronave (ainda assim, é um número maior do que o obtido pelo seu caça-irmão, o CAC Boomerang). As versões de caça do Wirraway operaram sobre a Nova Guiné durante algum tempo, efetuando missões de ataque ao solo e outras tarefas de co-operação com as forças do Exército até que outros tipos foram entregues à RAAF, tais como o australiano Boomerang e o norte americano Curtiss P-40.

Muitos dos esquadrões de linha de frente da RAAF tiveram pelo menos um Wirraway anexado para servir como “hack” do esquadrão, termo esse usado para definir as aeronaves empregadas em missões como visitas à sede ou a outras bases (à semelhança do Hurricane na RAF). Pelo menos uma aeronave (ex-A20-527) voou como integrante do Quartel General de Vôo da 5ª Força Aérea dos Estados Unidos, portando inclusive as marcações americanas.

PÓS-GUERRA E USO CIVIL

O Wirraway continuou em serviço na RAAF após a Segunda Guerra Mundial, atuando como treinador em Uranquinty e em Cook Point. Também serviu como treinador na recém formada Força Aérea da Royal Australian Navy, em 1948. Também serviram na Citizen Air Force (uma força de reserva da RAAF, criada em 1948), ao lado dos CAC Mustangs, equipando parte dos esquadrões 22 (Cidade de Sidney), 23 (Cidade de Brisbane), 24 (Cidade de Adelaide) e 25 (Cidade de Perth). A RAN aposentou seus Wirraway em 1957, substituindo-os pelo De Havilland Vampire. Após a entrada em serviço dos CAC Winjeels, a RAAF começou a retirar seus Wirraways da ativa no dia 4 de dezembro de 1958. Nesse dia, os Wirraway efetuaram sua despedida com vôos rasantes sobre a base de Point Cook, para marcar sua aposentadoria. O último vôo militar aconteceu no dia 27 de abril de 1959, quando o CA-16 A20-686 foi levado até a base de Tocumwal para ser estocado.

Em 1954 a Super Spread Aviation, sediada no Aeroporto de Moorabbin, comprou dois CA-16 e os modificou para operarem como pulverizadores aéreos. Apesar de terem sido totalmente reformados, após apenas 9 e 12 horas de vôo, eles se mostraram incapazes de realizar as novas tarefas, em um reflexo do quanto foram exigidos durante a guerra. Assim, em 10 de abril de 1956 ambos receberam baixa de sua matrícula civil e foram desmantelados. Apesar desses e de centenas de outros que foram desmanchados, um bom número de Wirraways sobrevive até os dias de hoje, em museus da Austrália e da Papua Nova Guiné. Em 2007 existiam na Austrália 10 aeronaves com registro civil, quer voando como Warbirds ou em processo de restauro. Em 1999, um Wirraway que fazia demonstrações acrobáticas durante um show aéreo em Nowra caiu, matando seus dois ocupantes.

 

Um CA-16 Wirraway sobrevivente voando como Warbird

VERSÕES

* CA-1 – 40 unidades construídas.

* CA-3 – 60 unidades construídas.

* CA-5 – 32 unidades construídas.

* CA-7 – 100 unidades construídas.

* CA-8 – 200 unidades construídas.

* CA-9 – 188 unidades construídas.

* CA-10 – versão bombardeiro de mergulho – não construída.

* CA-16 – 135 unidades construídas.

OPERADORES

AUSTRÁLIA

  • RAAF - ESQUADRÕES

* 4º

* 5º

* 12º

* 21º

* 22º

* 23º

* 24º

* 25º

  • RAN – ESQUADRÕES

* 723º

* 724º

REINO UNIDO

  • RAF

* Esquadrão “Y” na Malásia em 1941-1942, ex-21º Esquadrão da RAAF.

ESTADOS UNIDOS

  • FORÇA AÉREA DO EXÉRCITO DOS ESTADOS UNIDOS

* Quartel General de Vôo da 5ª Força Aérea.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

Características Gerais

* Tripulação: 2

* Comprimento: 8,48 metros

* Envergadura: 13,11 metros

* Altura: 2,66 metros

* Área da asa: 23,76 m²

* Peso vazio: 1.810 kg.

* Peso máximo de decolagem: 2.991 kg.

* Motor: 01 motor radial Pratt & Whitney R-1430 de 600 hp’s.

Desempenho

* Velocidade máxima: 350 km/h

* Velocidade de cruzeiro: 250 km/h.

* Alcance: 1.200 km.

* Teto de serviço: 7.010 metros

* Taxa de subida: 9,9 m/s Armamento

* 02 metralhadoras Vickers GO de 7,7 mm.

* 02 bombas de 230 kg (sem o segundo tripulante).

* 02 bombas de 110 kg (sem o segundo tripulante).

Armando Vieira


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